¨Quando o sofrimento bater à sua porta, é melhor abrir...
Resistir ou negá-lo é apenas um jeito de fugir do que mais cedo
ou mais tarde você terá que enfrentar...¨
Pe. Fábio de Melo
Foram em média 15 dias... de choro... compulsivo. Desânimo, tristeza profunda, falta de coragem, medo da morte, falta de esperança. Todo mundo a sua volta dizendo: Calma! Pois então, DESOBEDEÇA! Não tenha calma, não dá para manter a calma! Nesse momento, a última coisa que eu pude ter foi calma! Nem pensamento positivo! Eu até esperava que depois ele viesse, com toda força, mas naquele momento eu precisava sentir minha dor....chorar extravasar.... Por isso chorei... gritei... xinguei....Tive raiva do mundo, questionei Deus.....TUUUUUDO!. Acho difícil existir um pensamento pior do que o medo de deixar a criança mais amada do mundo... órfã.... nada doeu mais... nada me perturbou mais do que isso...
Escrito: 14-10-2010
A dor pode nos ensinar alguma coisa? Como poder reagir diante
de tudo que é trágico e que qualquer um está sujeito? Como nos
posicionar diante de tudo que nos deixa infeliz e sem rumo?
O QUE DIZER DO QUE ESTOU SENTINDO?
MEDO.
RAIVA.
CULPA.
ANGÚSTIA.
REVOLTA.
DESESPERO.
Tudo
isso passou pela minha cabeça, pelo meu coração. As primeiras
impressões de um diagnóstico cruel trouxeram-me a sensação da perda...
do fracasso.. da separação... da FINITUDE.
Meu choro foi de desespero... contínuo. De dor. De súplica. Em buscas de respostas.
Por que comigo Senhor? Por que agora? Por que tão cedo?
Olhei
ao meu redor e só pude enxergar o que eu iria perder. Só enxerguei o
fim. Fui da da alegria do ¨diagnóstico falso¨ ao frio, gélido, mas
preciso diagnóstico real.
Mas
eu precisava chorar... e chorei... chorei horrores... e minha mãe e
minha irmã, e minhas tias... e minha família não entendiam que eu
precisava viver essa dor... Diante do diagnóstico,
gritei....gritei...gritei... não queria me mexer. Não queria ouvir nada!
Nem um consolo! Tudo que eu queria era gritar minha dor que no momento
era INCONSOLÁVEL....
E vieram os abraços... e vieram os chás, os remédios para dormir, acalmar. E veio o silêncio...
E a cada nova pessoa que eu via o desespero me era devolvido...
E continuei perguntando... Que queres de mim Senhor?
Restaurar-me? Punir-me? Resgatar-me? O que queres que eu enxergue diante
dessa dor? A cada olhar para Ana Carolina o pânico me invadia...Medo de
não vê-la crescer, medo do fracasso dela ter uma mãe ¨doente¨
(PASME!!!! É ISSO MESMO QUE A GENTE PENSA! EU PENSEI!!!)
Mas paradoxalmente agradeci... agradeci a Deus por não
ser com ela... com ela... eu não suportaria. Ao olhar para minha mãe,
agradeci por não ser com ela.... e ao mesmo tempo questionei porque mais
essa dor para ela... mais essa batalha.. mas um baque... A perda do meu
pai não havia ainda cicatrizado.
01-10-2010: É SIM! É CÂNCER! É ISSO!
O choro me lavou. A certeza me desmoronou. E alguns dias eu
vivi a inércia: insônia, choro, antidepressivos, ansiolíticos, sono...
Mas eu só tinha uma chance: enfrentar a mim mesma e
dizer: ESTOU COM CÂNCER DE MAMA. ESSA É MINHA REALIDADE. E AGORA?
E DEUS COMEÇOU A MOSTRAR-SE!
(OU SERIA MELHOR DIZER QUE FOI AÍ QUE EU COMECEI A FINALMENTE ENXERGAR AO SENHOR?!!!
(OU SERIA MELHOR DIZER QUE FOI AÍ QUE EU COMECEI A FINALMENTE ENXERGAR AO SENHOR?!!!
NO MEU CORAÇÃO EU SABIA QUE VIVERIA TODA UMA RESTITUIÇÃO. ISSO É FÉ!
Sem palavras...
ResponderExcluirFernanda
Impossível conter a emoção...
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