09/12/2012

REAÇÃO AO DIAGNÓSTICO

              A ESCURIDÃO SE APODEROU DE MIM.... (01-10-2010)

 

            ¨Quando o sofrimento bater à sua porta, é melhor abrir...
            Resistir ou negá-lo é apenas um jeito de fugir do que mais cedo
            ou mais tarde você terá que enfrentar...¨
                                                           Pe. Fábio de Melo
         
        Foram em média 15 dias... de choro... compulsivo. Desânimo, tristeza profunda, falta de coragem, medo da morte, falta de esperança.  Todo mundo a sua volta dizendo: Calma! Pois então, DESOBEDEÇA! Não tenha calma, não dá para manter a calma! Nesse momento, a última coisa que eu pude ter foi calma! Nem pensamento positivo! Eu até esperava que depois ele viesse, com toda força, mas naquele momento eu precisava sentir minha dor....chorar extravasar.... Por isso chorei... gritei... xinguei....Tive raiva do mundo, questionei Deus.....TUUUUUDO!. Acho difícil existir um pensamento pior do que o medo de deixar a criança mais amada do mundo...  órfã.... nada doeu mais...  nada me perturbou mais do que isso...

   
 Escrito: 14-10-2010
            A dor pode nos ensinar alguma coisa? Como poder reagir diante de tudo que é trágico e que qualquer um está sujeito? Como nos posicionar diante de tudo que nos deixa infeliz e sem rumo?
O QUE DIZER DO QUE ESTOU SENTINDO?
MEDO.
RAIVA.
CULPA.
ANGÚSTIA.
REVOLTA.
DESESPERO.
           Tudo isso passou pela minha cabeça, pelo meu coração. As primeiras impressões de um diagnóstico cruel trouxeram-me a  sensação da perda... do fracasso.. da separação...  da FINITUDE.
                 Meu choro foi de desespero... contínuo. De dor. De súplica. Em buscas de respostas.
                 Por que comigo Senhor? Por que agora? Por que tão cedo?
          Olhei ao meu redor e só pude enxergar o que eu iria perder. Só enxerguei o fim. Fui da da alegria do ¨diagnóstico falso¨ ao frio, gélido, mas preciso diagnóstico real. 

        Mas eu precisava chorar... e chorei... chorei horrores... e minha mãe e minha irmã, e minhas tias... e minha família não entendiam que eu precisava viver essa dor...  Diante do diagnóstico, gritei....gritei...gritei... não queria me mexer. Não queria ouvir nada! Nem um consolo! Tudo que eu queria era gritar minha dor que no momento era INCONSOLÁVEL....
                  E vieram os abraços... e vieram os chás, os remédios para dormir, acalmar. E veio o silêncio...
                  E a cada nova pessoa que eu via o desespero me era devolvido...
                 E continuei perguntando... Que queres de mim Senhor? Restaurar-me? Punir-me? Resgatar-me? O que queres que eu enxergue diante dessa dor? A cada olhar para Ana Carolina o pânico me invadia...Medo de não vê-la crescer, medo do fracasso dela ter uma mãe ¨doente¨ (PASME!!!! É ISSO MESMO QUE A GENTE PENSA! EU PENSEI!!!)
                  Mas paradoxalmente agradeci... agradeci a Deus por não ser com ela... com ela... eu não suportaria. Ao olhar para minha mãe, agradeci por não ser com ela.... e ao mesmo tempo questionei porque mais essa dor para ela... mais essa batalha.. mas um baque... A perda do meu pai não havia ainda cicatrizado.
                  
                 01-10-2010: É SIM! É CÂNCER! É ISSO!
           
 O choro me lavou. A certeza me desmoronou. E alguns dias eu vivi a inércia: insônia, choro, antidepressivos, ansiolíticos, sono...
 Mas eu só tinha uma chance: enfrentar a mim mesma e dizer: ESTOU COM CÂNCER DE MAMA. ESSA É MINHA REALIDADE. E AGORA?

                        E DEUS COMEÇOU A MOSTRAR-SE! 
(OU SERIA MELHOR DIZER QUE FOI AÍ QUE EU COMECEI A FINALMENTE ENXERGAR AO SENHOR?!!!

                





Esse foi um louvor que me acompanhou.... e marcou todo o meu  momento. RESTITUI. 
NO MEU CORAÇÃO EU SABIA QUE VIVERIA TODA UMA RESTITUIÇÃO. ISSO É FÉ! 

2 comentários: