23/02/2013

UM VIAGEM CHAMADA VIDA




               Estive pensando, criei esse blog inicialmente para contar a trajetória (com dia e hora marcada) sobre o Câncer na minha vida... 
Mas o Câncer foi embora... e agora? 
PARAR DE POSTAR? DE ESCREVER? 
            Foi aí que me dei conta de que isso aqui SOU EU... Com Câncer, há 2 anos. Hoje curada! Isso aqui tem muito de mim em vários momentos... Então não há porque parar... nem falar sobre o câncer o tempo inteiro... Pensei em fazer outro blog, para postar sobre mim, a vida, o que gosto, o que vivo... 

Mas isso aqui sou eu... 

Houve um tempo que foi UMA VIAGEM CHAMADA CÂNCER. 
Hoje para mim, É UMA VIAGEM CHAMADA VIDA!!!!

        Decidi então, continuar a escrever e postar sim sobre o meu tratamento, meu sentimento em relação a cada ano que me resta em relação à  reincidência... Eventualmente falar sim sobre o câncer, seus males, sobre pessoas que venceram...  porque não? O Câncer faz parte da minha história. Mas resolvi que aqui postarei sobretudo sobre MIM... 

Esse ano de 2013, mudou muito minha vida...

APRENDENDO A DESAPRENDER

Passamos a vida inteira ouvindo os sábios conselhos dos outros. Tens que aprender a ser mais flexível, tens que aprender a ser menos dramática, tens que aprender a ser mais discreta, tens que aprender... praticamente tudo.
Mesmo as coisas que a gente já sabe fazer, é preciso aprender a fazê-las melhor, mais rápido, mais vezes. Vida é constante aprendizado. A gente lê, a gente conversa, a gente faz terapia, a gente se puxa pra tirar nota dez no quesito "sabe-tudo". Pois é. E o que a gente faz com aquilo que a gente pensava que sabia?
As crianças têm facilidade para aprender porque estão com a cabeça virgem de informações, há muito espaço para ser preenchido, muitos dados a serem assimilados sem a necessidade de cruzá-los: tudo é bem-vindo na infância. Mas nós já temos arquivos demais no nosso winchester cerebral. Para aprender coisas novas, é preciso antes deletar arquivos antigos. E isso não se faz com o simples apertar de uma tecla. Antes de aprender, é preciso dominar a arte de desaprender.
Desaprender a ser tão sensível, para conseguir vencer mais facilmente as barreiras que encontramos no caminho. Desaprender a ser tão exigente consigo mesmo, para poder se divertir com os próprios erros. Desaprender a ser tão coerente, pois a vida é incoerente por natureza e a gente precisa saber lidar com o inusitado. Desaprender a esperar que os outros leiam nosso pensamento: em vez de acreditar em telepatia, é melhor acreditar no poder da nossa voz. Desaprender a autocomiseração: enquanto perdemos tempo tendo pena da gente mesmo, os demais seguiram em frente.
A solução é voltar ao marco zero. Desaprender para aprender. Deletar para escrever em cima.
Houve um tempo em que eu pensava que, para isso, seria preciso nascer de novo, mas hoje sei que dá pra renascer várias vezes nesta mesma vida. Basta desaprender o receio de mudar.

                                                                                                       Martha Medeiros


Estou em Maceió... vim para mais uma audiência com o Plano de Saúde... Mais uma luta... mais uma etapa. Quando terá fim? Quando o Senhor permitir...
Está em casa é bom... olhar  meu quarto. Sentir o cheiro do meu espaço. Meu aconchego. Faz bem para mim... 
Estou vivendo particularmente um momento especial... Retomando minha vida profissional e renascendo para a vida social e afetiva... E isso merece ser CELEBRADO!!!!


ENCONTROS - DESENCONTROS- REENCONTROS....

Há alguns dias recebi uma ligação que me desnorteou... Do outro lado da linha, alguém, que foi muito importante na minha vida e será uma eterna lembrança de amor e carinho, me pedindo "socorro"... agindo e falando como eu nunca vi nem ouvi, mas sempre soube que um dia essa BOMBA iria estourar... E foi a mim que ele recorreu...
Mexeu comigo vê-lo tão vulnerável e abalado. E é claro que estendi a mão e o coração para ajudá-lo... mas na verdade a MAIOR AJUDA E A  MAIS ABSOLUTA RESPONSABILIDADE PELA MUDANÇA E RENOVAÇÃO DA VIDA E DA HISTÓRIA DE SOFRIMENTO É DELE!  
Achei, por um instante que a vida estava dando voltas...
Achei por um instante que iria ouvir o que há muito esperei... mas confesso que descobri que já não espero mais... já não quero mais.
O que eu quero é que ele SEJA FELIZ.
Não posso nem quero julgá-lo por ser covarde, ou retroceder, ou agir paradoxalmente... ou continuar a ser o que sempre foi... Isso não tem mais nada a ver comigo... 

E EU?
ESTOU FINALMENTE RECOMEÇANDO. DEPOIS DE 3 anos e 3 meses (Em setembro de 2012) eu decidi dar um basta...  e hoje VEJO MEU JARDIM VOLTANDO A FLORIR...


Alguns caminhos ainda incertos... mas como saber senão percorrê-los?




AS ESCOLHAS DE UMA VIDA - MARTHA MEDEIROS


A certa altura do filme Crimes e Pecados, o personagem interpretado por Woody Allen diz: "Nós somos a soma das nossas decisões ". Essa frase acomodou-se na minha massa cinzenta e de lá nunca mais saiu. 

Compartilho do ceticismo de Allen: a gente é o que a gente escolhe ser,o destino pouco tem a ver com isso. 

Desde pequenos aprendemos que, ao fazer uma opção, estamos descartando outra, e de opção em opção vamos tecendo essa teia que se convencionou chamar "minha vida". Não é tarefa fácil. 

No momento em que se escolhe ser médico, se está abrindo mão de ser piloto de avião. Ao optar pela vida de atriz, será quase impossível conciliar com a arquitetura. 

No amor, a mesma coisa: namora-se um, outro, e mais outro, num excitante vaivém de romances. Até que chega um momento em que é preciso decidir entre passar o resto da vida sem compromisso formal com alguém, apenas vivenciando amores e deixando-os ir embora quando se findam, ou casar, e através do casamento fundar uma microempresa, com direito a casa própria, orçamento doméstico e responsabilidades. As duas opções têm seus prós e contras: viver sem laços e viver com laços... 

Escolha: beber até cair ou virar vegetariano e budista? Todas as alternativas são válidas, mas há um preço a pagar por elas. 

Quem dera pudéssemos ser uma pessoa diferente a cada 6 meses, ser casados de segunda a sexta e solteiros nos finais de semana,ter filhos quando se está bem-disposto e não tê-los quando se está cansado. 

Por isso é tão importante o auto-conhecimento. 

Por isso é necessário ler muito, ouvir os outros, estagiar em várias tribos, prestar atenção ao que acontece em volta e não cultivar preconceitos. 

Nossas escolhas não podem ser apenas intuitivas, elas têm que refletir o que a gente é. 

Lógico que se deve reavaliar decisões e trocar de caminho: ninguém é o mesmo para sempre . Mas que essas mudanças de rota venham para acrescentar, e não para anular a vivência do caminho anteriormente percorrido. 

A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as conseqüências destas ações. 

Lembrem-se: suas escolhas têm 50% de chance de darem errado mas também têm 50% de chance de darem certo. A escolha é sua.

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