24/04/2013

RITMO DA CHUVA





FILTROS (Crônica)

                                                                                                                      * Martha Medeiros *
Tem um momento na vida que você tem que se divorciar.
Você pode até estar razoavelmente satisfeito,
mas precisa dar um passo adiante.
Calma, estou falando sobre divorciar-se de si mesmo.
Todo relacionamento é vicioso, mesmo o relacionamento consigo próprio.
Já estamos acostumados com nossos defeitos.
E sempre reclamamos das mesmas coisas: "Por que fui responder aquele e-mail com a cabeça quente?
Por que fui tocar naquele assunto se eu sei que sempre dá confusão?". Pois é. A gente se repete.
A gente sabe que em muitas coisas poderíamos mudar, mas estamos de tal maneira acostumados a ser desse jeito que achamos que nem vale a pena tentar ser de outro.
Isso tem nome: preguiça.
Você é tão impetuoso nas suas reações que sempre mete os pés pelas mãos?
Aprenda a segurar a ansiedade, espere dias para reagir, se for preciso. Mas espere.
Acalme-se.
Avalie se a causa compensa mesmo uma discussão.
Se a resposta for não, abstenha-se.
Você não precisa estar em todas, opinar sobre tudo.
Até parece que é fácil.
Não é, sabemos.
Mas tem uma hora em que é necessário estabelecer aquilo que segue com a gente e aquilo que deve ficar pra trás. Acho que maturidade é isso: você saber a hora de se movimentar.
De sair do lugar.
De desistir das coisas que enterram você, e de promover as coisas que dão certo.
Passar a própria vida por um filtro.
Torná-la mais enxuta e mais produtiva.
A tendência é essa: a gente se livrar do excesso de peso pra facilitar a caminhada.
A maioria faz isso quando chega na meia-idade.
Desafogue-se de mágoas, de desejos de vingança, de pessoas que não permitem que você avance.
Diga não para tudo aquilo que não faz bem pra você, pare de acreditar que as coisas vão mudar por milagre ou por decreto.
Se não mudaram até agora, então deixe as coisas como estão e mude você.
Separar-se de si mesmo soa como uma espécie de infidelidade.
É nada.
É fidelidade ao que você mais acredita: que tudo pode ser melhor, se a gente tiver coragem...

*(Martha Medeiros- trecho da crônica)*

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